quinta-feira, 11 de julho de 2013



                                             O ESTADO DE PORTUGAL -1

Adopto este título porquanto o anterior lançado em 13.06.2013 já após ter sido redigido o correspondente texto, desapareceu do écran, seguramente devido a ter pisado uma tecla indevida (o que ocorre algumas vezes, por não dominar a técnica informática). De qualquer forma, o importante é assinalar que aí fazia um comentário crítico  relativamente à acção do Presidente da República que, nas comemorações de 10 de Junho, entendia e fazia gala em como não havia motivo para demitir o governo de Passos Coelho nem para eleições eleições antecipadas, pois inexistia indício algum de uma "desarticulação social".
A Comunicação do Presidente Cavaco Silva (acho redundante estar a apelidá-lo de nomes pouco dignificantes) de ontem - dia 10.07.2013 não deixa margem para dúvidas para a situação em que Portugal está, a ponto de clamar por um compromisso (sic. governo) de SALVAÇÃO NACIONAL, adoptando para o efeito uma expressão anteriormente utilizada pelo 1º Ministro Passos Coelho - a de emergência nacional. Para quem se socorre dessas expressões é mais que provado que se convenceu de que o país está mais do que desarticulado. Está sim já no precipício. Assim, estamos perante um Presidente que demonstra não conhecer a realidade do país, sujeitando-se a consequências que um tal desconhecimento implica.
Este mesmo Presidente, que sempre rejeitou a ideia de realização de eleições antecipadas como as exigidas pelos Partidos de oposição - PS, PCP, BE e Verdes -, embora não aderindo agora à via da sua realização no plano do imediato, vem acenar com o panorama da sua realização a partir de Junho de 2014, ou seja antes do termo do mandato para que o actual governo foi eleito, que termina em 2015. Da forma como se expressou, decorre uma constatação: - O ACTUAL GOVERNO JÁ NÃO MERECE A CONFIANÇA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Do acervo das razões que apresentou para efeitos da "salvação nacional" decorre singelamente o propósito de dar à Troika a imagem de uma estabilidade governativa,que possa assegurar e a 8ª e a 9º tranches e a certeza de que a dívida será paga bem como os juros. Para esta estabilidade conta o Sr. presidente da República com o PS enquanto partido que também se envolveu na assinatura do Memorando; assegura-lhe porém eleições antecipadas mas só daqui a um ano (Junho de 2014). Em meu entender, não existe uma expressa recomendação para o PS fazer parte do actual Governo, mas apenas um convite para que se lhe não oponha, i.e. deixando de exercer o seu papel de Partido de Oposição até 2014, (mas, como é bem de se ver, até aí muita coisa pode acontecer já que, quer o Presidente da República, quer o Governo não têm primado por respeitar os compromissos ou a Constituição).

Evitarei, como tem sido meu timbre na apreciação de factos, pessoas e acontecimentos, fazer uso de adjectivação, que apenas serve para aliviar a bílis. Posta a questão da situação do País nos termos em que o Presidente de República - Prof. Dr. Cavaco Silva coloca e a solução que preconiza, o mínimo que se pode dizer é que ressalta uma contradição insanável entre o sentido de salvação nacional pretendido e o efeito real desejado para o País em geral e os portugueses em especial. Na verdade, após os dois anos de governação, com a marca de promessas e de uma política económica, que apenas deu origem a um buraco negro, recheado de desemprego crescente (+ 18%), desemprego jovem, emigração do tipo dos anos 1960, insolvências e falências (média de 25.000 empresas/ano), como poderá Portugal dar garantias à Troika em como as tranches vindouras - a 8ª e a 9ª - irão aliviar as agruras da população portuguesa ? Até agora, o resultado está à vista: as instâncias estrangeiras e europeias a elogiar a política do Governo, que para eles está no "bom caminho" enquanto o povo português sofre cortes nos vencimentos, a vida se vai degradando cada vez mais, a a miséria em certos estratos populacionais se vai alastrando como nódoa de azeite,  a criminalidade contra a propriedade e pessoas cada vez maior e mais violenta - tudo isto que afinal  a estabilidade preconizada promete - tendo por base os indicadores existentes e outros não foram mencionados no discurso de ontem a desfazer a visão negativa das coisas) - pelo menos até Junho de 2014 ! A ver vamos e isto para não mencionar o 2º resgate! O Sr. Presidente da República falou da responsabilidade, naturalmente a começar pela sua própria pessoa e o cargo que exerce. A história disso já se encarregou.